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terça-feira, 29 de junho de 2010

NY WITHOUT HELP by Paula Homor

Acompanho o blog da Paula, ny with kids, há um tempo, e a cada dia que passa me apaixono mais...
Segue o texto inspirador que ela escreveu :
NY WITHOUT HELP

"Muitas amigas - e leitoras do blog - me perguntam como é a vida nos EUA sem a ajuda da família ou infra-estrutura que algumas de nós desfrutam no Brasil.



Digo de antemão que não e fácil, mas também não é esse bicho que 7 cabeças que pintam ou imaginam por ai.



Eu acho que o ser humano é adaptável. Acho também que o fato de os apartamentos (estou falando por Manhattan) serem menores, também facilita a manutenção. Acho que o fato de se poder fazer tudo a pé, não precisar de carro ou perder tempo no trânsito também ajuda muito. Acho que a cultura de comprar tudo pela internet - desde roupas, eletrônicos e comida - facilita a nossa vida. As calçadas aqui não são esburacadas e não existe o perigo iminete de ser assaltada. Portanto, na maioria das vezes, da pra levar os filhos pra cima e pra baixo (desde que saibam se comportar obviamente).



Quando minha filha nasceu, eu tinha uma pessoa que vinha duas vezes por semana me ajudar por algumas horinhas com a casa e com minha filha, caso eu precisasse sair.



O que algumas pessoas não entendem e gostam de comparar dizendo "eu também faço tudo, dou banho, comida, etc" é que o trabalho maior esta em cozinhar, limpar, lavar roupa, arrumar o banheiro depois do banho E, DEPOIS DE TUDO ISSO, estar bonita e bem disposta para o marido.



Fazer só a parte boa, i.e. dar comida e banho, enquanto alguém limpa a bagunça é o melhor dos mundos. Sem desmerecer essas mães participativas, mas não tem comparação quando tem-se que fazer todo o serviço.



Antes de ter filho, eu achava que minha filha nao iria assistir televisão ou assistiria muito pouco. Hoje em dia, vejo que a única forma de eu conseguir preparar o jantar sem que ela fique agarrada na minha perna enquanto estou no fogão (o que é perigoso inclusive) é deixá-la na frente da tv. Esse é apenas um exemplo dos vários sapos que engolimos depois de virarmos mães.



Me sinto um tanto elitista descrevendo a "dureza" em criar um filho e cuidar da casa sem muita ajuda. Mas acredito que esse post esta direcionado a um grupo de pessoas com uma realidade parecida, sem querer desmerecer, de maneira nenhuma, as mulheres guerreiras e lutadoras que criam uma prole toda sozinhas e cuidam da casa (nem menciono as que trabalham fora, pq dai o trabalho de "mae" esta sendo terceirizado com uma baba, creche, vizinho, etc).



Hoje em dia, gracas a Deus, achei uma pessoa que me ajuda por algumas horas todos os dias. Assim, posso me dedicar ao meu blog e a alguns trabalhos "free-lance" que tenho feito por ai. Acho um investimento pessoal podermos ter algumas horas do nosso dia para nós mesmas. Seja para trabalhar, passear, ler ou mesmo dormir.



Conheco mães em NY que, salvo uma babysitter a noite para ir em alguma festa ou cinema, nunca tiveram qualquer tipo de ajuda desde que os filhos nasceram. Nao é a maioria, mas existe.



No caso das mães que optam por voltar a trabalhar, as americanas - em sua maioria - colocam na creche o dia todo. Já as brasileiras, muitas optam por deixar com uma babá em casa. Essa escolha é, sem dúvida, cultural.



Tanto babá como creche custam caro. Muitas das mães que optaram por deixar a carreira de lado para criar os filhos pequenos, não tem a opcao de "terceirizar" uma ajuda. Outras voltam para o trabalho pq justamente nao conseguiriam manter a sanidade mental 24/7 com as crianças sem infra ou ajuda. Muitas trabalham só para pagar a creche. Algumas chegam até a pagar para trabalhar (o custo da creche ou babá é mais alto do que muitos salários (again, estou falando de custo de vida em Manhattan). Super comum com engenheiras, arquitetas, graphic designers, jornalistas e várias outras profissões que não mercado financeiro ou advogadas).



Resumo: na minha experiencia eu acho que no Brasil foi criada uma depedência pouco saudável entre as mães e as babás. Fica todo mundo desesperado se ficar sem. Acho que faz parte da cultura...acho que talvez o pai brasileiro, de um modo geral, ajude menos. Nao sei o que é. Veja bem, não estou criticando. Estou apenas expondo um fato, mesmo porque, muito provavelmente, se minha experiencia não fosse essa, eu talvez também fizesse parte do time das reféns do exército branco.



Não sei...mas que no Brasil é exagerada essa terceirização e dependência na mão-de-obra doméstica, isso é. "

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